Leia-me: A cidade que encolhe

a-cidade-que-encolhe-elisabeth-maggioAdmito: eu tenho um fraco por livros fininhos infanto-juvenis. Não é muito difícil uma historinha dessas me prender e entrar pros meus favoritos.

E, pensando bem, acho que essa categoria de posts não está fazendo muito bem para a minha reputação literária, mas enfim. A ideia era dar dicas de livros que eu adorei, então vamos falar de livros que eu adorei.

Quando se fala sobre uma cidade que encolhe, o que se imagina? Um gênio do mal maluco que inventa uma máquina de encolher coisas e que, para dominar o mundo, começa a ameaçar encolher uma cidade.

Pelo menos foi o que eu imaginei, quando li esse título.

Mas o buraco é mais embaixo.

Joca é um garotinho órfão, que perdeu os pais em um acidente. Portanto ele vive nessa estranha cidade, com o avô, duas tias normais e uma tia louca. A cidade encolhe porque existem lugares que as pessoas simplesmente não devem ir, ninguém explica o motivo. Todos que acabam indo para esse lugar e todas as coisas que vêm desse ponto específico da cidade passam a ser tratados com indiferença, até que todos assumem que ele não existe mais.

Acontece que Joca ganha uma cachorrinha, a Princesa. E um dia ela foge e vai justamente para onde? Todo mundo tenta convencê-lo de que ela não existe mais, mas Joca já perdeu muita coisa na vida e não admite simplesmente ignorar o desaparecimento de Princesa.

Quando a cachorrinha volta ferida de sua aventura pela parte da cidade que “não existe”, Joca tem uma estranha conversa com a sua tia maluca e acaba viajando no tempo para tentar salvar sua cachorrinha, sua família e sua cidade.

O universo criado pela autora Elizabeth Maggio é maravilhoso justamente por ser simples. O mal é feio, nojento, repugnante e manipulador. O bem é fofo, bondoso, educado e divertido. E essa abordagem um pouco óbvia da eternal luta entre o bem e o mal abre espaço para uma reflexão profunda e complexa: o que acontece com as coisas que a gente faz de conta que não enxerga? Elas simplesmente deixam de existir? Se todo mundo ignorar um problema, ele vai desaparecer? Não, não vai. Ele vai piorar sozinho. Vai aumentar. E vai começar a engolir a todos.

É claro que há um final feliz. É um conto infanto-juvenil, afinal de contas. Mas eu li como adulta e, como adulta, fiquei com um gosto amargo na garganta: nenhum medo ou problema que não encarei de frente, deixou de existir em um passe de mágica.

2 pensamentos sobre “Leia-me: A cidade que encolhe

  1. Deka, permita-me usar o espaço do comentário, pra fazer um pedido/sugestão de post. Bom, lá vai: conta pra gente como surgiu a ideia do nome do blog! 🙂
    (e me perdoe caso já tenha falado sobre isso antes e eu não tenha visto).

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